Viver Não é Preciso.

Passamos alguns dias pensando em como descrever aqui neste blog as nossas expectativas sobre o estilo de vida dos velejadores de cruzeiro que tanto almejamos. João Sombra, em seu livro Conversando com o Guardian, já o fez:
"É o desbravar de novos conhecimentos, de uma nova vida, na qual não há espaço para as mediocridades advindas do viver nos tumultuados centros urbanos.
É o viver na expressão mais ampla da palavra, saciando nossa fome de conhecimento e cultura.
É viver sem medo, traumas e tensões provocadas pela mente humana. Viver como aliados da natureza e suas incriveis nuanças."

sábado, 11 de agosto de 2012

CCL 2012 #17 - Camamu.

Os Astros em Camamu! Belos nascentes e poentes.
Apesar de se repetirem em todas as nossas ancoragens, o nascer e por do Sol e da Lua são um espetáculo diário também aqui. É como se tivéssemos hora marcada para assistir a um bom programa da National Geographic na televisão.

De Ihéus para Camamu são 70 milhas. Zarpamos às 3h e chegamos às 14h, percorrendo o trecho na vela e motor. Que tinha ondas altas de través eu preciso dizer? SACO. Para chegar é preciso entrar na baia com a maré enchendo. Uma outra novidade pra nós: aqui só se consegue uma ancoragem tranquila colocando-se uma segunda âncora na mesma corrente. Isso também por causa da maré junto com a correnteza do rio, que deve chegar a uns 3 nós fácil. Você solta uns 20 metros de corrente e quando sentir que "unhou"(prendeu a âncora no fundo), coloca a segunda âncora na corrente e solta mais uns 15 metros. A gente ficou firme desta vez. Muitos colegas tiveram de arrumar suas ancoragens.

A Baia de Camamu é gigante. Ficamos no Campinho que tem bons restaurantes. Comemos uma bela lagosta no São Jorge que fica no Sapinho. Também na Vila fomos convidados para tomar caldos e comer tapioca na numa ONG . Também foi uma ótima oportunidade pra tomar um bom banho quente. Nessa vida aprendemos a dar valor a cada coisa "banal"!!!!.

Ainda fizemos dois bons passeios. Num dia fomos de Lancha Rápida (e tem lancha lenta?) até a Cachoeira de Tremembé. Foi bom ir de lancha pois é longe (uma hora a uns 25 nós de velô) e a profundidade é muito pouca. Só mesmo veleiros de pouco calado e na maré alta chegam lá. Andar pelos mangues, passar por pequenas Vilas e ver o cotidiano de muitos pescadores faz com que a viagem seja rápida.


Tirando a lama no desembarque, e fiquei salvo pois o Lancheiro me pegou no colo, o restaurante da Ada e do Sr. X (não lembro o nome dele) é um oásis aos pés da cachoeira.

Boas cachaças, muitas conservas e um Pitú, de "lamber os beiços", acompanhado de palmitos ao forno com manteiga de garrafa!.... Caraca. Nem preciso dizer que o restaurante era relativamente barato, pois naquele "fim de mundo"a lata de Skol gelada custou apenas R$ 3,50!!!!.kkkkk.




Dia seguinte fomos todos de escuna até Cajaíba e Camamu. Em Cajaíba são fabricadas as escunas. Muito interessante de se conhecer. Lá um mestre dos Antigos guiou-nos dando vários detalhes das técnicas de construção.
Aqui quero aproveitar e fazer uma observação. Na volta da visita, eu perguntei em uma loja se sabiam onde vendia côco verde. Não sabiam. Cruzamos com um rapaz que tomava um suco de caixinha se ele sabia onde tinha côco. Ele respondeu: "aqui não tem não, mas eu vou pegar pra vocês!" (?!?!?!? ...Como assim?). Pois foi o que ele fez. Pegou uma vara e cutucou um entre dezenas de coqueiros da rua. Pegou o côco, foi até o boteco e pediu o facão emprestado. Abriu o côco e deu pra Gláucia. Imediatamente coloquei a mão no bolso para oferecer uma "gratificação", que ele rejeitou também imediatamente. Perguntei se queria dividir uma cerveja comigo e ele disse: "- Quero não, obrigado. Parei com isso!" e foi saindo desejando-nos um bom passeio!!! Este foi o Côco mais doce, em todos os sentidos, que tomamos. Nestes lugares mais afastados, as pessoas nos cumprimentam na rua. Nos atendem com presteza. Podemos até reclamar da demora, mas é o único "problema"pra nós os urbanóides que temos muito o que fazer em nosso precioso dia né mesmo?


De volta para a escuna, fomos para Camamu pegar umas Vãns que nos levariam até a Comunidade Quilombola, cujo almoço, além de delicioso, foi oferecido como boas vindas. Muquecas, Tainha defumada e outras delícias.






No retorno passamos pela bela Cachoeira Pancada Grande, que nem cheguei perto devido a caminhada e escadaria a ser encarada pelo meu corpinho que já tava pedindo penico de tanto andar de Escuna e Van.



Camamu: da próxima vez que viermos pra cá, só sairemos quando formos convidados para a festa de aniversário de um nativo.

Té Mais!

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