Passamos alguns dias pensando em como descrever aqui neste blog as nossas expectativas sobre o estilo de vida dos velejadores de cruzeiro que tanto almejamos.João Sombra, em seu livro Conversando com o Guardian, já o fez: "É o desbravar de novos conhecimentos, de uma nova vida, na qual não há espaço para as mediocridades advindas do viver nos tumultuados centros urbanos. É o viver na expressão mais ampla da palavra, saciando nossa fome de conhecimento e cultura. É viver sem medo, traumas e tensões provocadas pela mente humana. Viver como aliados da natureza e suas incriveis nuanças."
Num é que chegou a hora? Soltar as amarras e seguir o rumo final que é Salvador... eita!
Até o Rio de Janeiro, a Ivany e o Ique (neto) estão na tripulação. Ficarão até a largada do CCL, quando então retornam para Sanpa e o Molina assume seu posto de tripulante. Deixamos o Refugio por volta das 9h30m. Abastecemos e seguimos rumo a Palmas na Ilha Grande. O Mar estava para peixes, ou seja, ventos francos, ondas de no máximo 1 metro e tráfego zero! Parece que o pessoALL resolveu não tirar seus barquinhos das marinas.
Estamos deixando muita coisa pra trás: Minha Aline, Família, Amigos, nosso Refrega e até empregos!!! Se bem que este não deixou nem saudades...rsrs
Foram exatas 6 horas e 30 minutos para percorrer as 38 milhas. Sweetão né mole não! Em 6 horas de navegação com o Refrega a gente geralmente chega no Sítio Forte, pois normalmente andamos a 4,5 a 5 nós dependendo do vento e das correntes.
Dona Ivany já providenciou um belo almojanta: um bacalhauzito esperto com arroz e tudo mais.
O esquema é ficar aqui até meia-noite de hoje, quando zarparemos para o Iate Clube do Rio de Janeiro.
De agora em diante iremos "Navegar por Mares Nunca Dantes Navegados!" (pelo menos pra mim e pra Glaucia). E tem outra grande novidade.: será nossa primeira navegada noturna ...uhuuuu!
Veleiro é uma embarcação propelida por um velame, conjunto de velas de tecido de corte e cálculo apropriado, apoiado em um ou mais mastros e controlados por um conjunto de cabos chamado cordoalha, todo esse sistema costuma denominar-se armadoria.
Possui também um patilhão e um leme apropriado segundo sua armadoria, que impedem à deriva e forçam o conjunto avante em sua derrotanaval .... blá ... blá ... blá...
Tá, mas neste caso estamos falando do Sweet, "nosso" veleiro e casinha pelos próximos 60 dias!
O Cal 9.2 do Janjão, isso pra quem ainda não sabe, tem quase 30 pés, foi construído em 1982. Vale ressaltar que ele é o número 1 comercializado no brasil, bla bla bla..... Carregamos nos tanques 55 litros de diesel e 400 litros de água. Adicionalmente, 140 litros em 7 galões presos ao convés. Já para repor a água de beber (camarada), temos dois galões de 10 litros para aproveitarmos os desembarques e trazer mais água para bordo. Pesa algo em torno de 3 toneladas, mas depois que embarcamos nossas tralhas, comidas e um estoque seguro de cerveja, deve estar beirando as 4 ton!!!Mas tudo bem, além de velas novas, ele está equipado com um belo YANMAR 3YM20 de 3 cilindros e 21 hp com pouco mais de 700 horas que lhe garantirão uma boa performance. Um aviãzinho que vai a 6 nós em cruzeiro. Painel Solar, Aeólico, Xantrex, e um monte de outras coisas que o tornam um belo barco de cruzeiro. Fora que o Chefe é chato - ops! Prevenido.. é melhor - e não deixa nada meia-boca.
Pintura de fundo, polimento do costado, troca de filtros e óleos e outros tantos itens já foram revistos. Velas reservas, ancoras reservas, hélice reservas e até dois Comandantes de reserva (pretensão a minha me colocar no nível do verdadeiro Comandante reserva: o querido Molina). Isso sem contar a "Mandante" Gláucia.
Já está tudo certo. Nossa previsão de saída é neste domingão. Vamos descansar na Ilha Grande para zarparmos para o Rio de noite, visando chegar ao amanhecer na Urca. Imagina minha ansiedade de ver o Rio de Janeiro por este ângulo?!?!?!
... vivemos ele. Sai do Bracuhy, passa pela Ilha Grande e entra pela Restinga de Marambaia. Pouco mais de uma semana é suficiente para fazer este roteiro. Eu, em particular, gostei de conhecer Itacuruça, Quitiguara, Estopa, Ilha do Martins, etc, pois não era mais novidade pra Glaucia que participou no ano passado como tripulante do Toriba. São lugares que nos fazem pensar e dar muito valor às belezas naturais de nossa terrinha. Vento? Uma fartura....., pena que soprou tudo que podia de uma vez só na fatídica segunda-feira. Pegou-nos durante nossa travessia do Saco do Céu até a Estopa que foi na base do vento e ondas de popa, exigindo uma lida meio radical pra baixar a vela mestra enquanto o Comandante controlava o leme pra evitar que o barco atravessasse ( virar até 360°). A tal "porranca" deu muita história pra contar, mas sem maiores acidentes. Rasgou uma vela aqui e ali, uns lazy jacks e coisa e tal. Para nós foi uma aula e um pouco mais de vivência no Mar. O outros trechos foram motorando mesmo.
Mas sabe quais são realmente os pontos fortes deste tipo de viagem? As Pessoas. Muita harmonia, um cuidado mútuo e muita conversa boa. Ajudar nas atracações, troca de conhecimento e informações e até mimos, como o que fez o Toninho do Tamuatoa2 que comprou pão frances no Abraão e distribuiu barco a barco com seu botinho. Este é o clima que reina! Por falar em mimos, Janjão e Ivany são um caso à parte. Eu até ganhei na cama um cafézinho fresquinho do meu Comandante!!!!
Esta viagem pra nós, e acho que para nosso Comandante também, serviu muito bem como um "teste drive". Afinal, apesar de sermos amigos a uns dois anos, nunca tínhamos convivido por tanto tempo juntos. Ainda mais sob o mesmo convés! Foram 15 dias de muita diversão, risadas e aprendizados. Confesso que pra nós que temos barco, no início é difícil saber como se comportar, como ajudar nas tarefas mantendo o "modus operandi" que o Janjão e Ivany estão tão acostumados. Ele tem experiência, um carinho enorme pelo seu Sweet. Todos os controles, acessórios, cabos, nós, utensílios e tudo mais é do jeito que ele aprendeu a fazer e que facilita suas navegadas e seu dia a dia a bordo. Taí um dos segredos de sua logevidade funcional em seu Sweet.
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Visamos aprender seus modos para ajudar e aprender sem atrapalhar. Vai ser fácil, com certeza.
Falta menos de uma semana para embarcarmos novamente no Sweet e partirmos para o Cruzeiro Costa Leste de 2012. Já lamentamos a ausência da Comandanta Ivany nesta viagem.
Era o nosso primeiro encontro, mas já era o X Encontro Nacional da ABVC - Associação Brasileira dos Velejadores de Cruzeiro.
Tudo bem que foi no fim de semana do feriado, mas não comentamos antes pois estávamos ocupados demais fazendo o Cruzeiro Costa Verde. Chatíssima essa vida de Mar Sem Fim ...kkkk...
Como o encontro antecede o Costa Verde, fomos de carro para Bracuhy em Angra, já que de lá já embarcaríamos no Sweet.
Além de reencontrar muitos amigos de nossas ancoragens preferidas da região, conhecemos muitos outros Comandantes e ainda pudemos desfrutar das palestras de outros grandes Velejadores. Tais como:
Aleixo Belov que já deu 4 voltas ao mundo - O Constantino que foi até a Europa com a familia em seu CAL 9.2. - As dicas dos divertidos Dorival e Catarina que vivem a bordo e já viajaram muito com o belo Luthier. - A Marinha falou da Base Almirante Ferraz e dos trabalhos realizados na Antártica (ótima e divertida apresentação). - O autoentitulado Marinheiro Raimundo que deu a volta ao mundo em Solitário no menor tempo.
E muitas outras coisas interessantes sobre culinária a bordo, manutenção de motores, regulagens de velas e muito mais. A agenda era sempre cheia durante o dia. A noite ainda sobrava fôlego pra uma festinha ou jantares.
Enfim, este Encontro é um evento muito legal de confraternização, palestras, dicas, um bocado de festa e muito mais. Tenho certeza que o pessoALL que organiza se desdobra para que tudo saia certinho e agrade aos participantes. Na minha humilde opinião, foi tudo muito bom. Só foi meio molhado demais, pois não parava de chover!
Falta pouco mais de uma semana para zarparmos para o Cruzeiro Costa Leste a bordo do Sweet. Até lá dá tempo de falar do Costa Verde.
Menos de uma semana. É o que falta para o X Encontro da ABVC no Bracuhy e também pra largada do Cruzeiro Costa Verde. Vamo que vamo.
Semana passada demos nosso último (?) passeio com o Refrega. É só uma pausa, voltaremos a sair com ele provavelmente em setembro quando retornaremos do esperado Cruzeiro Costa Leste.
Foi um passeio Multinacional! Recebemos o jovem Malte que veio da Alemanha num intercâmbio e ficará rodando pelo nosso País até meados de agosto. Mesmo com nosso inglês macarrônico, acho que não é difícil imaginar que ele curtiu o passeio, afinal procuramos compensar o diálogo truncado da seguinte forma: Velejamos até a Cotia, ele mergulhou no Mamanguá, surfou no Fred (nosso bote), provou caipirinha de Lichia e Limão (muito moderadamente) e degustou a brasileiríssima Feijoada e o Churrasco.
Os próximos posts já serão a bordo do Sweet! ABVC e Costa Verde ai vamos nós, e não vamos sós!
