Viver Não é Preciso.

Passamos alguns dias pensando em como descrever aqui neste blog as nossas expectativas sobre o estilo de vida dos velejadores de cruzeiro que tanto almejamos. João Sombra, em seu livro Conversando com o Guardian, já o fez:
"É o desbravar de novos conhecimentos, de uma nova vida, na qual não há espaço para as mediocridades advindas do viver nos tumultuados centros urbanos.
É o viver na expressão mais ampla da palavra, saciando nossa fome de conhecimento e cultura.
É viver sem medo, traumas e tensões provocadas pela mente humana. Viver como aliados da natureza e suas incriveis nuanças."

segunda-feira, 16 de julho de 2012

CCL 2012 #11 - De Búzios uma Vitória

Será que os Deuses dos Mares ficaram bravos porque eu xinguei algumas de suas ondas?
O trecho Búzios até Vitória foi muito longo e cansativo, e me deixou sem pique pra escrever logo. Não tem foto nem filme.
Não teve jeito! Foi uma viagem que nos inspirou tranquilidade no início, em função das boas previsões. Porém, no final da tarde do dia 12/07, antes de largarmos, a Marinha soltou um aviso de mau tempo na área onde estávamos. Confesso que fiquei surpreso com a saída, afinal tudo que é velejador que conheço é sempre safo, mas quando se tem "compromisso"!!!. Saímos por volta das 19h rumo a Vitória. Todos saíram com velas mestras risadas (um artifício que deixa a vela menor) e genôa. Percebemos no horizonte de nossa popa, tanto no continente quanto mais ao Sul sobre o oceano, a presença de grandes nuvens com raios. Durante as primeiras horas tinha vento moderado. A impressão que tivemos é que as nuvens se dirigiam para o alto mar. Nada disso, derrepente o vento aumentou rapidamente e com ele vieram as ondas que passaram facilmente de 3,5m. Estávamos eu e o Molina no turno. Chamamos o Janjão para nos ajudar e orientar nas manobras necessárias para baixarmos a vela mestra e deixar apenas um pequeno pedaço de genôa aberta (uma cuequinha, como dizem). Durante este procedimento, coube ao Grumete aqui ficar no leme, pois o piloto automático certamente não reponderia rapidamente e o barco ficaria atravessando com o vento e ondas de popa. Como fez uma vez. O Molina bravamente vestiu o cinto de segurança e foi recolher e guardar a mestra. Tudo isso com uma certa gritaria e correria, pois o vento e as ondas uivavam fortemente. Caraca! foi dureza manter o rumo. Você tem que fixar um ponto de referência, uma luz no horizonte, um outro barco ou uma estrela e manter o barco aproado naquilo. Teve momentos que eu levava o leme todo para um lado com muita força e por um tempo razoável esperando que o Sweet respondesse. O barco inclinava muito. Tanto que a Glau, que estava dentro do barco, disse que via a água passando pela borda do convés de dentro das vigias.... Foi uma puta experiência, pois eu sempre tive medo do que não conhecia. Quero, por exemplo, dizer que não tinha idéia do quanto um veleiro pode inclinar. Mas vimos que a resistência é enorme. Em posts anteriores já relatamos que balançamos bastante com o Refrega. Em nenhum momento tivemos medo. As vezes eu olhava pra trás pra ver as ondas que quebravam como se fossem na beira da praia. Isso durou mais de três horas.... uma eternidade... kkkkkk . Mas resto da viagem foi tranquila. Optamos por velejar a uns 4,5 a 5 nós e chegar ao amanhecer em Vitória. Alguns colegas com vela e motor chegaram a partir da meia noite anterior.
As novidades pra nós? 36 horas navegando. Não ver costa em nenhum dos lados. Dormir navegando (isso é foda, pois o balanço lateral atrapalha muito)
Sobre os xingos? Bem, quando se tem vento e onda de popa, mesmo que pouco, o barco tende a ficar pendulando de um lado para outro. Ai tem aqueles momentos que vc vai ao banheiro, por exemplo. Tá se segurando ....  mas ai tem de levantar as calças. Larga por um segundo o apoio e pronto ... solta um UH CARALH.... Ou então vai pegar algo na cozinha, abre o armário e .....FILHA DA PU..... cai tudo no chão..... O ideal seria que, Velejadores, pudessem optar por nascer com três pernas e quatro braços.
Em relação aos amigos, tivemos os seguintes relatos e fatos: Papaleguas voltou com problemas no quadrante do leme e vela. Devaneio Rio voltou com problemas de vela que enroscou na hélice. Timshell, Zan Zar e Naumi rasgaram vela. Foi realmente forte a coisa mas que no final viraram bons aprendizados e histórias.

Relax total depois de nossa chegada ao Iate Clube do Espírito Santo. Tivemos uma excelente receptividade, a famosa Paella e outras coisas até então. Prometo fazer um post de nossa estadia em Vitória.

Bjus e Bons Ventos e até mais.

4 comentários:

  1. fico feliz de vê-los bem e contentes apesar do susto. bjs para todos

    ResponderExcluir
  2. Ola casal, vi voces em Buzios e Vitoria. Estamos no veleiro catamaran Onda Boa, que por um trecho esteve nas mesmas ancoragens da flotilha. No momento estamos em Caravelas, para onde seguimos depois de Abrolhos. Agora vi o blog e achei muito engraçado a parte dos palavroes. Ir ao banheiro é complicado mesmo numa travessia daquela. Pegamos a pancada uma hora depois de sair de Buzios, foi tenso.
    Bons ventos, grande abraço,
    Cristina e Pieter.

    ResponderExcluir
  3. Olá amigos.
    Lembramos de vocês sim. Esperamos que nos encontremos novamente por ai.
    Bjus e Bons Ventos.

    ResponderExcluir