Viver Não é Preciso.

Passamos alguns dias pensando em como descrever aqui neste blog as nossas expectativas sobre o estilo de vida dos velejadores de cruzeiro que tanto almejamos. João Sombra, em seu livro Conversando com o Guardian, já o fez:
"É o desbravar de novos conhecimentos, de uma nova vida, na qual não há espaço para as mediocridades advindas do viver nos tumultuados centros urbanos.
É o viver na expressão mais ampla da palavra, saciando nossa fome de conhecimento e cultura.
É viver sem medo, traumas e tensões provocadas pela mente humana. Viver como aliados da natureza e suas incriveis nuanças."

sexta-feira, 27 de julho de 2012

CCL 2012 #13 - Terra à Vistaaaaa.... Abrolhos.

Abra os olhos!!! Dizem que o nome Abrolhos vem desta expressão.
Isto por que em volta do arquipélago tem muitos recifes, o que exige atenção dos navegadores.
Nossa viagem de Vitória até lá foi na base de 34 horas de motor mesmo. Por duas razões: a primeira é por que, conforme dissemos antes, trocamos a genôa por uma menor esperando que tivéssemos mais vento. Como ele não veio, o "pouco pano"não fazia o Sweet andar mais que 3 ou 4 nós. A outra razão, mais controversa pra mim, é para espantar as baleias mais distraídas. Pra que espantar se vê-las de perto era tudo o que mais queríamos. Mas um contato imediato de quarto grau com elas pode causar sérios problemas ao barco e também a elas, claro. Vimos muitas mesmo, mas não tão de perto ...pelo menos o quanto queríamos. Os Veleiros TIMSHEL e Triunfo II disseram ter esbarrado nelas, mas nada sério. Não tirei foto, mas tem uns filminhos pra mostrar depois.

Abrolhos é um espetáculo de lugar e os três dias que ficamos foram pouco. Ainda por cima fomos privilegiados por poder desembarcar e mergulhar nas imediações. É preciso autorização prévia da Marinha. Com a turma da Berna, que trabalha lá a mais de 25 anos, fomos visitar os 3 points das ilhas:
 - O Farol: 22 metros feito em ferro fundido em 1861. Nem preciso dizer o quão show foi assistir o por do Sol lá de cima e acompanhar o acendimento da luz. Luz? aquilo parece mais fraco que o abajur lá de casa. Tem uma lampadinha bem "mequetrefe", mas devido aos cristais que formam as lentes, o Farol tem um incrível alcance de 51 milhas.


- Ilha Siriba: lá você tem a oportunidade de ver os ninhos dos Atobás e aves em várias estágios de crescimento. Após um ligeiro coro de lamentações, nosso guia concordou em dar uma volta completa na pequena ilha. Teve até escalada em paredão, só sendo possível isso com a maré baixa.

 - Ponta da Cruz: o nome não é esse. Mas do lado oposto onde fica o Farol, tem um morro com uma cruz. A caminhada até lá não é tão radical. No trajeto, além da vista impagável de todo o arquipélago, você se aproxima de muitas outras aves. O visual é impressionante.



Pra falar a verdade, tudo lá é impressionante. Tem um detalhe, sabe aquela coisa que quem tá embarcado tem como regra: só jogue no Mar o que os peixes podem comer! Pois é, lá nem isso pode ser feito. O lance é que se os peixes se acostumarem a comer "nossa comida", eles podem mudar o hábito alimentar e isso afetará o eco sistema. Interessante não? A gente que acha que tá ainda fazendo o bem pros pobres peixinhos.


Tivemos a oportunidade de fazer mergulho. A Glaucia fez do tipo Batismo, aquele que você vai acompanhado por um instrutor. A água não estava cristalina, mas foi possível fazer um bom mergulho e ainda filmar e fotografar com nossa maquininha nova. É uma Nikon Coolpix AW100. É uma boa dica, pois ela tem 16 megapixel, filma em HD, pode merguhar até 10 metros, a prova de choque e outras coisinhas a mais. Tá firme até agora, pelo menos... Não mergulhei pois estou com meu tímpano perfurado e não quis arriscar a uma infecção a esta altura da viagem.


O pessoal ainda fez um churrasco. O Ícaro, um dos tripulantes do MM2000 em que está a Cris (Tia da Glau), o fez muito bem. Afinal é do Sul!. Eles zaraparam de Abrolhos direto para Ilhéus, pois o barco tem muito calado para entrar em Santo André.
Agora já estamos em Santo André. Amanhã (28/07) às 10h zarpamos para Ilhéus. Prevemos umas 20 e poucas horas de travessia. Voltamos a colocar a genôa maior para melhor aproveitar os ventos. Baleias? Sim, tem muito mais pela frente.

Bjus e bons ventos.

2 comentários:

  1. É meus amigos, esta arte de navegar não é mole não!
    Escolher a melhor hora para sair, analisar a meteorologia, entender os gribs... não é nada fácil.
    o que é melhor, sair com pouco vento e certeza de mar calmo? ou pegar o rabo das frentes com mais vento e ainda mar alto?
    Hummmm, confesso que ainda não tenho minha opinião formada.
    É claro que nós sempre queremos é vento, mas "e se" ....
    Outra coisa interessante é este lance das baleias, ter que manter o motor para "acorda-las", tem gente que sugere deixar um sino, como se você aqueles que se põe nas vacas para ouvir o som delas no pasto... acho este bem legal.

    É isto aí REFREGAs, sinto-os cada vez mais fortes e preparados, sinto-os donos de suas opiniões.
    Alegro-me ao ve-los e ouvi-los, às vezes não respondo ou comento para não encher o saco, mas tenham certeza que estamos sempre por aqui.

    Ahhh, cuidado com a Gabriela e os coroneis!!

    Bons Ventos

    Paulo Ribeiro
    Bepaluhê

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grande Paulo,
      O que temos visto neste tipo de viagem é que, apesar das inúmeras fontes de previsões, ainda assim pegamos alguns ... digamos, desconfortos. Seja por erro de previsão ou pelo calendário do CCL. Mas tudo faz parte.
      Saiba que é muito bom quando temos comentários. É o melhor feedback que temos sobre o que publicamos. Ainda mais quando é são dos amigos que sabemos que nos acompanham faz algum tempo.
      Fale o que e quando quiser, pois assim matamos também a saudade.

      Bjus para a familia Bepaluhê.

      Excluir